Homofobia é uma das linhas de investigação da DH para assassinato de Gambá
Homofobia é uma das linhas de investigação da DH para assassinato de Gambá
POR BRUNO MENEZES
Rio - A morte do dançarino Gualter Rocha, de 22 anos, ainda é um crime sem solução. Uma das linhas de investigação da Divisão de Homicídios para resolver o caso é de que a violência tenha sido motivada por homofobia. A juíza criminal Thelma Fraga, que foi jurada da fase final de uma batalha realizada no Sesc da Tijuca, na qual Gambá ficou em terceiro lugar, afirmou que o tipo de agressão que vitimou o jovem tem características de um crime por discriminação.
Segundo ela, o fato de Gualter fazer coreografias provocativas em qualquer lugar pode ter causado a ira dos assassinos e, consequentemente, o crime homofóbico. A magistrada contou ainda que era admirável o "funk de paz e arte" que o rei dos "passinhos" dançava. O rapaz estava investindo na dança como uma possibilidade de futuro e, de acordo com Thelma, ele iria começar a receber cachê pelas apresentações.
O corpo do rapaz foi enterrado na tarde desta sexta-feira no Cemitério do Cacuia, na Ilha do Governador. Presente à cerimônia, o provedor da Santa Casa de Misericórdia, Dr. Dahas Zarur, afirmou que os procedimentos de exumação e sepultamento do corpo do dançarino ficaram por conta da Santa Casa. No entanto, a mãe do jovem, Edite Damasceno, de 49 anos, afirmou que a família segue necessitando de ajuda.
"Eu acompanhei a exumação. Foi o momento mais triste da minha vida. Ver o corpo do meu filho aos pedaços... Espero que isso acabe logo e quero justiça. Eu agradeço a toda a ajuda que tem sido dada, mas a família continua precisando de ajuda. Todos estes dias nossa vida virou de cabeça para baixo e não estamos indo trabalhar", explicou.
A cantora Preta Gil, que está auxiliando os parentes do rapaz que era conhecido como Gambá, compareceu ao enterro e levou algumas camisas confeccionadas com a foto de Guálter. O dançarino, conhecido como o rei das batalhas de passinhos de funk, participou de um show feito pela cantora, no dia 30 de dezembro do ano passado.
O jovem havia sido enterrado como indigente no Cemitério de Santa Cruz, na Zona Oeste, na última sexta-feira. Ele estava desaparecido desde o dia 1º de janeiro. Investigadores da Divisão de Homicídios (DH), que apuram o assassinato de Gambá, garantiram na última terça que até sexta-feira devem concluir o inquérito que apontará quem matou o jovem.
De acordo com o titular da DH, delegado Felipe Ettore, o sigilo é crucial para que o culpado seja identificado e localizado. “O caso será solucionado rápido, já que está bem encaminhado”, afirmou Ettore.
Antes de saber sobre o auxília da Santa Casa para a família da vítima, a cantora Preta Gil se ofereceu para pagar o funeral, após tomar conhecimento que a família do jovem não tinha dinheiro para fazê-lo. No Twitter, ela afirmou: “Pronto, agora o Gambá terá o enterro que ele merece! Muito triste isso tudo!”. A mãe do rapaz, a cozinheira Edite Damasceno, 49, agradeceu:
“Em meio a tantas notícias tristes, recebi a ligação dela. Foi um anjo que caiu em minha vida. Ela disse ainda que quer participar da cerimônia. Então, vamos aguardar até quinta-feira para a despedida”, disse, emocionada.
Sobre as investigações, os pais do jovem garantem que não foram procurados pela polícia e que não têm ideia do que a DH sabe sobre o caso. “Nosso outro filho é quem está resolvendo tudo. Só sei que meu filho era tranquilo, nunca brigou e não se envolveria em confusão”, disse o servente José Maria Rocha, 46.
Funcionário de posto será ouvido
A DH ainda espera ouvir esta semana o depoimento de funcionário de posto de combustível em Bonsucesso, onde o ‘Rei dos Passinhos’ teria se envolvido numa briga. Imagens de câmeras de segurança serão analisadas.
Irmão da vítima, Johne Pitter Rocha, 25, garante que o irmão não brigou: “Ele só segurou no braço de uma mulher, não bateu em ninguém, não pode ter morrido por isso”. O Disque-Denúncia (2253-1177) recebeu até ontem à noite quatro informações sobre o caso.
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